Brasil pode se tornar exportador de 'tecnologia verde', diz executivo da Delphi

Sugestão de leitura: Thomas Douglas Auler
Norte-americano Andrew Brown Jr fala ao G1 sobre inovação no setor. País já tem trator flex, porta com fibra de bananeira e rodas plásticas.       Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Paulo


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Segundo Brown, país pode se tornar potência em exportação de soluções ecológicas para a mobilidade (Foto: Divulgação)

Mais do que o país da Copa e das Olimpíadas, o Brasil há tempos já conquistou o título de referência mundial no setor de combustíveis alternativos. Além do álcool de cana-de-açúcar, que existe por aqui desde os anos 70, o país consolidou esse título “verde” ao liderar as pesquisas globais na tecnologia bicombustível. Com o sucesso dos veículos flex, as montadoras nacionais ganharam a conotação mundial de desenvolvedora de veículos ecologicamente corretos. No entanto, para sustentar tal imagem e, consequentemente, um espaço de destaque nos mercados internacionais, os engenheiros brasileiros não podem parar no tempo.

A constatação partiu do diretor chefe de Tecnologia da Delphi Corporation e presidente da SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) International, Andrew Brown Jr. Em visita ao Brasil, o norte-americano disse ao G1 que o governo brasileiro precisa trabalhar em conjunto com montadoras, fornecedoras de autopeças e universidades para o país se tornar uma potência em exportação de soluções ecológicas para a mobilidade.


“Sem essa pareceria, não será possível crescer em nível global. O Brasil achou uma saída para um problema interno e criou os veículos flex. Agora, precisa ampliar os investimentos para levar esse tipo de iniciativa a outros mercados”, ressalta Brown. Segundo ele, a tecnologia automotiva mundial se concentra em três pilares: segurança, meio-ambiente e conectividade. “É a oportunidade para o país crescer”, destaca Brown sobre o quesito ao qual se refere como “green” (verde, em inglês).

Na opinião de Brown, ao se concentrar nos veículos flex, o Brasil ganha mercado mesmo com a concorrência de montadoras chinesas e indianas. “A China está voltada para a produção de baterias para veículos elétricos, enquanto a Índia desenvolve softwares. O Brasil tem um grande espaço para explorar”, afirma.

O presidente da Dana América do Sul, Harro Burmann, concorda com a afirmação de Andrew Brown Jr. O executivo participou do projeto de reestruturação da Dana nos Estados Unidos, que chegou a entrar no Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados Unidos. Após ajudar a empresa de autopeças a se recuperar, Burmann traz como conselho à indústria automobilística nacional manter o foco. “O Brasil precisa definir no que ele quer ser bom. Uma vez definido, desenvolver a plataforma mundial”, diz o executivo da Dana.

Se inovação é o segredo de sustentabilidade, como Andrew Brown Jr constantemente afirma, então o Brasil já passou da fase de engatinhar. Nesta semana, engenheiros brasileiros apresentaram as principais novidades do mercado no Congresso SAE Brasil, organizado em São Paulo. Confira as principais novidades do evento:


Revestimento da porta é feito com fibra de bananeira

Fibras naturais e rodas de plástico

Fibras de bananeira, cana-de-açúcar e sisal agora são utilizadas na produção de peças como laterais de portas, painéis de instrumentos e pára-choques. A solução ecológica foi apresentada pela fornecedora de partes plásticas Plascar. A empresa também apresentou um carpete para automóveis feito com garrafas PET reaproveitadas. Outra novidade é a roda de plástico para moto, além de permitir diferentes desenhos, o plástico, por ser mais leve, ajuda a diminuir o peso do veículo e, consequentemente, o consumo de combustível é menor.

Trator Delphi flex diesel etanol

Trator flex 

A tecnologia flex chegou ao canavial. As concorrentes Delphi e Bosch apresentaram o motor bicombustível Diesel-Etanol para veículos pesados. O propulsor é voltado para veículos comerciais, tratores, colheitadoras e máquinas usadas na construção civil e deve atender, primeiramente, a demanda dos produtores de cana-de-açúcar. A Bosch também apresentou o sistema diesel-gás, que mantém a potência e torque originais dos motores diesel, mesmo quando opera juntamente com gás.

Delphi painel Tata Nano (Foto: Divulgação)

Do Tata Nano ao Brasil 
A Delphi expõe o painel de controle e o imobilizador eletrônico fornecidos para o Tata Nano, o veículo mais barato do mundo. A ideia da empresa é mostrar que é possível produzir painéis no Brasil com preço entre US$ 15 e US$ 20.

Motor elétrico do caminhão Daily

Caminhão elétrico

A Iveco desenvolve em conjunto com a hidrelétrica Itaipu Binacional o modelo Daily Elétrico, primeiro caminhão do Brasil elétrico. Silenciosos, o modelo é equipado com baterias Zebra, à base de sódio, níquel e cádmio. Com bateria de 100 km entre cargas, atinge velocidade máxima de 70 km/h a 85 km/h. O tempo de carga da bateria é de 8h, feita por meio de três tomadas de 220V/16A. A tecnologia do trem de força elétrico pode ser instalada em qualquer versão do Iveco Daily.

Motorista pode personalizar o painel do carr

Quadro reconfigurável

Já pensou em personalizar o painel do seu carro? A Magnetti Marelli e a Visteon apresentaram painéis reconfiguráveis totalmente digitais. Assim, o proprietário pode configurar a disponibilidade de informações como temperatura da água do motor, velocímetro, nível de combustível, relógio, contagiros e calendário. Ainda permite a visualização de imagens da parte traseira do veículo no painel, por meio de câmera, bem como alteração da imagem do background do display (como no desktop do computador).

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