BIOPLÁSTICOS: Os plásticos do futuro - PARTE FINAL

Plásticos de fonte renovável também crescem

Desde setembro do ano passado, a Braskem colocou em operação em Triunfo-RS sua unidade para a produção de eteno derivado de etanol, com capacidade para 200 mil toneladas de polietileno verde por ano. Com investimentos de cerca de R$ 500 milhões no projeto e tecnologia própria, o objetivo é a liderança mundial em química sustentável, com diversificação das suas fontes de matéria-prima. Recentemente, também fechou uma parceria com o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas, no interior de São Paulo, para instalação de um laboratório a ser utilizado pela equipe de pesquisadores da empresa na área de biotecnologia. “Nossa principal matéria-prima renovável, o etanol da cana-de-açúcar, é hoje a mais competitiva e sustentável do mundo e o desenvolvimento e produção do polietileno é o grande marco desta indústria no Brasil”, explica Rodrigo Belloli, gerente de Produtos Verdes.
Para ele, a popularização do bioplástico no Brasil deverá ser impulsionada pelo aumento do seu uso no mercado aliado a uma comunicação clara e responsável para o consumidor final. “Estas ações se viabilizarão por meio de parcerias envolvendo toda a cadeia de valor, desde o produtor até o dono da marca que levará o bioplástico em seu produto”. Alguns exemplos citados são a parceria recente entre a empresa, a Tetra Pak e a Nestlé para o lançamento das novas tampas de PE verde dos Leites Ninho e Molico, da Nestlé, e o lançamento dos frascos de PE Verde do protetor solar Sundown, da J&J, que estará no mercado no próximo verão. “Tais ações começam a colocar os bioplásticos no dia a dia da população e fazem com que a familiaridade deste novo produto cresça e impulsione a demanda do consumidor”, acrescenta.

Belloli acredita que os bioplásticos que apresentarem aspectos amplos de sustentabilidade favoráveis, comprovados por meio de análise de ciclo de vida, competitividade perante os plásticos convencionais e características técnicas que atendam às necessidades do consumidor e facilitem a sua adoção pela indústria terão seu crescimento potencializado pelo mercado. “Tanto o PE quanto o PP verdes se enquadram na categoria dos bioplásticos que devem liderar este crescimento”.

Em relação ao PP verde, que também tem como matéria-prima o etanol de cana, a Braskem anunciou a conclusão da etapa conceitual do projeto de construção de uma planta de propeno verde. Ainda em 2011 serão concluídos os estudos de engenharia e, uma vez obtida a aprovação final, começará a implementação do projeto, que tem operação programada para o segundo semestre de 2013, com investimentos em torno de US$ 100 milhões e capacidade mínima de produção de 30 mil toneladas por ano de propeno verde.

A Dow Chemical Company e a Mitsui & Co. Ltd., de Tóquio, Japão, também anunciaram em julho a formação de uma joint venture para fornecer soluções de produtos sustentáveis para os mercados mundiais de produtos médicos, de higiene e de embalagens flexíveis de alta performance. A Mitsui terá participação de 50% na operação de cana-de-açúcar da Dow em Santa Vitória-MG e a etapa inicial prevê a produção de etanol de cana-de-açúcar para trazer novas alternativas para a Dow com base na biomassa para substituir recursos fósseis. “Será o projeto de maior porte em termos de biopolímeros”, adianta Luis Cirihal, diretor de Negócios para Alternativas Verdes e Desenvolvimento de Novos Negócios para a América Latina. “Não é simplesmente um biopolímero feito de uma base de matéria-prima renovável, que tem valor e importância muito grandes. O projeto, pioneiro, vai além, pois tem todas as demandas infraestruturais atendidas de maneira sustentável e renovável, ou seja, toda energia é gerada por si própria de fontes renováveis”, explica.

A primeira usina será construída até o final de 2011 e terá capacidade para 240 mil metros cúbicos por ano em uma primeira etapa, com previsão de partida para o segundo trimestre de 2013. De acordo com Cirihal, a demanda brasileira por biopolímeros é muito superior à capacidade instalada e uma planta de envergadura global no mercado nacional atenderá a essas necessidades. Os produtos oferecem as mesmas características técnicas e de processabilidade que os polímeros de fontes fósseis, à base de petróleo ou de gás. “Isso é um grande avanço porque não estamos introduzindo para a indústria uma necessidade de reconfigurar equipamentos ou embalagens. Estamos fazendo com produtos que a indústria já conhece, mas de fontes renováveis”.
Ciclo de produção do polietileno verde.
Fonte: Brasken (catálogo)

FONTE
Revista Plástico Moderno
Edição nº442 - Agosto de 2011

Parte 1 - Os plásticos do futuro
Parte 3 - Opções de mercado


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