BIOPLÁSTICOS: Os plásticos do futuro - PARTE 3

Compostos formulados por
Azevedo se destinam
a diversas aplicações.
O PLA também é o negócio da norte-americana Cereplast, nesse mercado desde 2002 e representada no Brasil desde 2006 pela IraPlast, de Iracemápolis-SP, que também produz embalagens e peças injetadas biodegradáveis. “Com o PLA puro da NatureWorks, a empresa produz os compostos e adapta os materiais conforme a necessidade do cliente”, esclarece Reinaldo Azevedo, gerente comercial da IraPlast. No começo era só injeção e termoformagem. Hoje, além do sopro, atua também com filmes para coating e sacolas. 

Resinas Cereplast ® são feitos de recursos
 renováveis ​​de milho, tapioca, batata, açúcar e
algas e podem substituir os plásticos tradicionais
para uso em uma variedade de aplicações.
No período 2009/2010, a Cereplast, que tinha capacidade para 1.500 toneladas/mês, passou por uma reestruturação e agora a planta localizada em Indiana, nos Estados Unidos, tem capacidade para quadruplicar a produção atual, de 40 mil toneladas/ano. Este ano, empresa também anunciou o estabelecimento de uma fábrica na Itália, além dos já existentes escritórios de vendas na Turquia e em Paris. No mercado externo, conta com novos desenvolvimentos, como os bioplásticos de algas, projetados para substituir até 50% ou mais do conteúdo do petróleo usado em resinas plásticas tradicionais.
Para expandir no mercado brasileiro com a linha compostável, Azevedo também concorda que a política de resíduos sólidos será um momento importante para uma maior divulgação do bioplástico no país. “É preciso vender uma imagem correta – até mesmo para os legisladores – sobre o que é biodegradável, compostável, que precisa atender às normas, ter certificações e garantias”, reforça.

Várias opções no mercado

Biodegradáveis precisam
 de centrais de compostagem,
 lembra Karina
Os plásticos biodegradáveis e compostáveis da Basf – Ecoflex, Ecovio (blenda de Ecoflex e 45% de PLA) e Ecobras Ecoflex e amido de PLA (fonte renovável de milho modificado, parceria com a Corn Products) – têm as centrais de compostagem como sua destinação final ideal. Os materiais foram desenvolvidos para serem “digeridos” por micro-organismos do solo, na presença do oxigênio e de umidade do ar. “É na central de compostagem que esta reação acontece de forma mais rápida e segura”, explica Karina Daruich, coordenadora do Negócio de Plásticos Biodegradáveis da Basf para a América do Sul. No entanto, como no Brasil ainda não há infraestrutura para isso, o descarte é dificultado.

De acordo com Karina, tal possibilidade de descarte é especialmente interessante quando se trata da revalorização de embalagens contaminadas por alimentos, de reciclagem cara, e embalagens que hoje não possuem descarte final possível (como papel revestido por plástico) ou sacos de lixo com material orgânico.

Além disso, explica a coordenadora, ambos os produtos contam em sua composição com uma mistura de petróleo e fontes renováveis, sendo que a parte fóssil também possui todas as certificações internacionais de biodegradação e compostagem. “Isso é imprescindível, pois possibilita que as fontes renováveis como fibras e amidos possam ser processadas nas temperaturas adequadas e melhoram as propriedades mecânicas do PLA”.

Conforme a empresa, a parte fóssil (Ecoflex) é bastante flexível quando processada sozinha, e por isso permite somente a produção de filmes. As fontes renováveis, como amido ou PLA, contribuem com rigidez na mistura e abrem possibilidades de outras aplicações finais. “E o fato de incluir recursos não fósseis na composição do plástico traz vantagens na economia de recursos não renováveis e no equilíbrio do ciclo do carbono”, acrescenta Karina.

As aplicações dos biodegradáveis são destinadas a empresas de embalagens, produtores de filmes plásticos para a agricultura, produtores de sacolas e sacos, e montadoras. A Honda, por exemplo, utiliza o Ecoflex para embalar os bancos dos novos automóveis Honda Civic e Honda Fitproduzidos no Brasil. “No segmento de filmes temos aplicações já no mercado e em desenvolvimento”, comenta a coordenadora. Um exemplo é a utilização de sacolas de supermercado biodegradáveis em Jundiaí-SP e em Belo Horizonte-MG.

Outra iniciativa ligada às sacolas confeccionadas com o plástico foi a parceria entre a empresa e a rede Carrefour para o lançamento, em março do ano passado, da opção de sacola 100% biodegradável, desenvolvida para atender o programa de eliminação do uso de sacolas plásticas tradicionais, iniciado em Piracicaba-SP e que se estenderá a todas as lojas Carrefour Hiper e Bairro nos próximos quatro anos.

No mercado brasileiro há 15 anos, a britânica Innovia Films com quatro plantas (Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e Bélgica) disponibiliza, sob a marca NatureFlex, filmes flexíveis renováveis e compostáveis para embalagens, feitos à base de celulose. A linha conta com uma ampla gama de aplicações já consagradas por suas barreiras contra gases, resistência ao calor e química para diversas aplicações nas indústrias alimentícias (emoutros países). “Como ainda não há aprovação da Anvisa, os filmes no mercado brasileiro se destinam aos segmentos não alimentícios e, entre os mercados emergentes, os destaques ficam por conta da laminação de papelão e tampas”, revela Veruska Rigolin. A destinação principal do NatureFlex também é o ambiente de compostagem.

Fonte
Revista Plástico Moderno
Edição nº442 - Agosto de 2011
http://www.plastico.com.br/reportagem.php?rrid=801

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