INPE desenvolve modelo para localizar origem da fumaça
Para saber a origem da fumaça que cada
vez mais aflige o Acre, o Ministério Público do Estado recorreu a
especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que
estão desenvolvendo um modelo que fará uma atribuição relativa das
fontes emissoras. A ideia é verificar se a fumaça vem de queimadas no
próprio Acre, nos estados vizinhos, como Rondônia e Amazonas, ou até
mesmo no Peru e Bolívia, países que lhe fazem divisa. O objetivo do
Ministério Público é responsabilizar os causadores do fogo.
O INPE monitora regularmente por satélites os focos de incêndios em toda a América do Sul. Também produz estimativas sobre a qualidade do ar e emissão de material particulado oriundo de queimadas. No entanto, até hoje não era possível quantificar a participação das várias regiões emissoras.
“Acompanhamos a trajetória da fumaça há tempos, porém os modelos usuais não permitem mensurar a quantidade de emissões que vem de outros locais separadamente”, explica o pesquisador Saulo Freitas, do Grupo de Modelagem da Atmosfera e Interfaces (GMAI) do INPE.
O novo modelo foi possível graças ao supercomputador Tupã, instalado no INPE de Cachoeira Paulista. “Só pudemos fazer este trabalho quando adquirimos uma maior capacidade de processamento, pois temos que separar as fontes de aproximadamente 30 gases. O poluente é sempre o monóxido de carbono (CO), mas precisamos indexá-lo e classificá-lo pela fonte emissora”, explica o pesquisador.
Resultados preliminares do modelo foram apresentados nesta segunda-feira (12/9) às representantes do Ministério Público do Acre, Patrícia de Amorim Rêgo e Meri Cristina Amaral Gonçalves, respectivamente procuradora de Justiça da Coordenaria do Meio Ambiente e promotora de Justiça de Meio Ambiente. Junto com o pesquisador do Centro de Pesquisas Woods Hole dos Estados Unidos e professor da Universidade do Acre, Irving Foster Brown, elas vieram a São José dos Campos para dar continuidade a uma parceria iniciada há cerca de um ano, quando a primeira consulta foi feita aos pesquisadores do INPE.
“No Acre já existe uma restrição das autorizações de
queimadas nos períodos mais críticos. Estamos procurando fazer a nossa
parte, mas de nada irá adiantar se os vizinhos não adotarem as mesmas
práticas”, diz Patrícia Rêgo. “Queremos que dados do INPE sirvam de
subsídio para amparar nosso argumento judicial”, completa Meri
Gonçalves.
Problemas ambientais não têm fronteiras e, para serem resolvidos, precisam do engajamento de toda a sociedade. “Nosso objetivo é ter o Acre como projeto piloto, para depois aplicar a mesma metodologia nos outros estados”, informa Karla Longo, pesquisadora do GMAI/INPE.
Problemas ambientais não têm fronteiras e, para serem resolvidos, precisam do engajamento de toda a sociedade. “Nosso objetivo é ter o Acre como projeto piloto, para depois aplicar a mesma metodologia nos outros estados”, informa Karla Longo, pesquisadora do GMAI/INPE.
Estimativa
da contribuição relativa média mensal das emissões de queimadas dos
estados e países vizinhos na concentração de fumaça próxima da
superfície em Rio Branco durante os meses Agosto-Setembro-Outubro de
2008
Estimativa da concentração média das emissões de queimadas durante os meses de Agosto-Setembro-Outubro de 2008 na região do Acre, estados e países vizinhos
FONTES
INPE desenvolve modelo para localizar origem da fumaça. 14.set.2011.
FERREIRA, Evandro. Focos de calor e fumaça avançam sobre todo o acre. Blog Ambiente Acreano. 11. ago. 2010
Para saber mais
CARVALHO, Eduardo. Fumaça de queimadas na Amazônia boliviana afeta cidades do Acre. Globo Natureza, em São Paulo. 02/09/2011.
Comentários
Postar um comentário