Qual é o seu sonho?

"Melhorar e transformar o mundo em que vivemos [...], conciliando trabalho e transformação social", é o que pensam os jovens brasileiros de 18 a 24 anos hoje.
Em reportagem exibida pelo Fantástico (TV Globo) em 19 de junho de 2011, sobre a pesquisa "Sonho Brasileiro"  a grande maioria dos jovens pensam que não existem mais dúvidas que já estamos vivendo no país do presente.


Assim começa a reportagem em responder questões como: Qual é o seu sonho? 2,9 mil jovens, entre 18 e 24 anos, responderam essa pergunta nos últimos meses. Eles participaram de uma pesquisa feita em 173 cidades de 23 estados do Brasil. A pesquisa se chama "Sonho Brasileiro".

“Estudar a juventude é conhecer a sociedade e poder pensar na sociedade e de pensar, inclusive, nos seus rumos”, afirma a antropóloga Regina Novaes.

Nos anos 50 e 60, o objetivo dos jovens era acabar com a caretice do mundo. Eles queriam mais liberdade. Nos anos 70, o inimigo era a ditadura. A meta: fazer a revolução. Nos anos 80 e 90, o sonho ficou mais individualista: carreira, dinheiro, sucesso. E o que quer para o futuro o jovem de hoje?
Segundo a pesquisa, o jovem de hoje não é individualista. Ele quer sim melhorar e transformar o mundo em que vivemos. Acontece que ele quer fazer isso sem deixar de ganhar o seu próprio dinheiro, sem abrir mão de ter sua independência financeira. Então, o ideal para o jovem de hoje é conciliar trabalho e transformação social.

Alguns já fazem isso. Segundo a pesquisa 8% dos jovens são transformadores. Gente que ganha o sustento transformando o mundo para melhor. Como você imaginaria o fundador de um banco? “É o nosso banco. Pode ver que não tem, graças a deus, nenhuma porta giratória”, conta Thiago Vinicius, de 22 anos.

O banco trabalha com um dinheiro que parece de mentira: o Sampaio, uma moeda paralela que circula na comunidade do bairro de Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo. “Para pessoa física, para população, eles emprestam sem juros para consumo de mercadorias.

A dona de uma barraca de madeira pegou um empréstimo e fez uma reforma. Hoje, ela vende os temperos na barraca reformada e aceita o Sampaio como moeda de troca, normalmente. “É como dinheiro. E depois que a barraca foi reformada vem muito mais gente. Eles falam: ‘como mudou’”, conta a dona da barraca.

“Aos 40 anos de idade eu vou estar na comunidade vivendo com prazer e qualidade de vida, isso que a gente vem buscando”, diz Thiago.

A pesquisa aponta que 77% dos jovens acreditam que seu bem-estar depende do bem-estar da sociedade onde vivem. Aos treze anos, João Felipe disparou e-mails para organizações de todo o planeta falando: “‘meu nome é João, tenho 13 anos e eu quero mudar o mundo, me ajuda’. Só cinco pessoas responderam. E dessas cinco, quase todas falavam mais ou menos a mesma coisa: ‘você é muito novo pra fazer a diferença’”.

João começou a conectar jovens com ideias boas e jovens com boas intenções. “Quando eu percebi, eu já tava vivendo 100% do tempo fazendo isso e era isso que me fazia feliz e acabou virando minha profissão”, conta.

Hoje, aos 25, ele trabalha na ONU e já ajudou a mudar o mundo em 41 países. Usa e ensina um método que ele próprio inventou. Uma espécie de jogo para estimular mudanças. “A gente tem sete dias pra mobilizar essa comunidade e pra tentar descobrir qual é o sonho da comunidade e construir esse sonho”, explica João.

Recentemente, colocou o plano em ação em sua cidade natal, Santos, no litoral paulista. “Esse espaço era um lixão, era um matagal e a gente fez um trabalho pra comunidade receber um centro comunitário”, conta.

A pesquisa mostra também que 74% dos jovens disseram estar preocupados em fazer algo pelo coletivo no dia a dia. Um belo dia, Bruna mudou de emprego. “Eu fazia um trabalho legal, eu cresci bastante, aprendi um monte de coisa, mas ali era muito focado na indústria, no que eles faziam, no consumo”, diz Bruna.

Saiu da multinacional e ajudou a criar um site de consumo colaborativo, onde se cadastram coisas que podem ser recicladas, trocadas ou alugadas. “As pessoas podem utilizar o mesmo produto várias vezes, um mesmo produto por várias pessoas, evitando um consumo exagerado de uma coisa que vai ficar parada na sua casa”, afirma.

“Nós nunca tivemos tantos jovens que tenham disposição de olhar mais em torno de si do que no momento atual. Os pessimistas não vão acreditar nisso nunca, mas é isso que as pesquisas têm mostrado”, completa a antropóloga.

Segundo a pesquisa, 76% acreditam que o Brasil está mudando para melhor.

Enfim, aquilo que as pessoas entre 30 e 40 anos pensam em fazer para o mundo ser melhor, os jovens entre 18 e 24 anos estão buscando, ou melhor, estão fazendo acontecer. Basta você acreditar em si próprio. Pequenos gestos, tornam-se grandes quando todos querem o mesmo ideal. 

E isto não vemos apenas nos jovens brasileiros, vejam os exemplos: para os jovens australianos  são de uma sociedade que coloca menos ênfase no indivíduo, riqueza material e da competição, e mais na comunidade e família, a meio ambiente e cooperação; já na pesquisa "Jovens do mundo" todos os jovens que participaram do estudo dizem acreditar que seu futuro é brilhante pessoais (70%) com um ponto de brasileiros otimismo (87%) e indianos (90%). Mas quando perguntado sobre o futuro do seu país, eles não são mais de 44% acham promissor. Aqui, novamente os mais otimistas são os brasileiros (72%), mas oprimido pelos chineses (82%) e indianos (83%).

Para saber mais:
ECKERSLEY, R. (1999) Dreams and expectations: Young people's expected and preferred futures and their significance for education. Futures, vol. 31, no. 1, pp. 73-90.  


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